Do alto de uma plataforma transformada em telão que habitou o palco Axe durante todo o dia, Kygo tinha a tarefa de finalizar os trabalhos no fundão do Lolla após o show impactante da banda Imagine Dragons no palco vizinho. E deu bom.
Ele fez um show cheio de pirotecnia (basicão) e com participações ao vivo (não é só dar play não). Também tocou "Sexual healing", clássico de Marvin Gaye.
E aqueceu o orgulhinho de ser brasileiro do seu público majoritariamente teen com "Fuego", do Alok – mas sem citar a sua própria história de vida.
Em certo ponto, Kygo mandou uma versão batidão de "Sweet dreams", clássico do new wave que no Brasil ganhou contornos de meme e funk nos últimos anos.
Kygo conhece essa interpretação moderna e nacional para o hit do Eurythmics? Provavelmente não.
Mas a imagem do jovem saltando e dando um espacate no meio de um programa da TV brasileira certamente pintou na mente do público de internet ali presente. Ponto pra Noruega.
Computador na areia
A correria da molecada foi grande para não perder as primeiras músicas de Kygo, conhecido por dominar o tal do "tropical house" – uma vertente da música eletrônica projetada para a vida na praia e o clima "carpe diem" proveniente do litoral e de outros destinos paradisíacos.
As imagens projetadas se alternavam entre temas praianos, campestres e uma ou outra mais psicodélica, mas todas alinhadas na representação do som de Kygo: um tipo de EDM menos da festona e mais da atitude de boa e positiva.
Basta lembrar de algumas das parceiras de Kygo: Selena Gomez, em "It ain't me", e Ellen Goulding, com "First time".
O produtor não tem dificuldade em arrancar pulos e gritos enfáticos do público jovem.
Teve quem aproveitou a baladinha para dar uns beijinhos. Teve quem subiu na garupa do coroa para aparecer no telão e dar um oi.
Pois registre-se a presença não só de recém-chegados à maioridade, mas de um público de fato infantil. Pais eram vistos espalhados pela plateia observando suas proles de fãs de Kygo.
Em certo momento, um corre-corre em direção à grade do palco foi digno da possível presença de um youtuber.
Uma curiosidade: o produtor toca seu bonde com certo comportamento de banda, pro bem e pro mal.
Kygo chamou artistas para cantarem ao vivo algumas de suas músicas, dando um ar de "não é só música de computador" à apresentação do Lolla
Mas nem sempre emendou suas faixas umas nas outras, como costuma acontecer em um set convencional de DJ.
Entre muitas delas, na verdade, pinta aquele silêncio esquisito que você tenta evitar nas festinhas em casa, com o próprio Kygo anunciando qual é a próxima música. Educado, ele.
Na reta final, o show assume um clima de baladona, nem tanto tropical, com uma sonoridade menos de matinê. É quando "Fuego" de Alok, por exemplo, entra em ação.
Mas é "Firestone", maior hit de Kygo, que encerra a noite. E ela diz: "Quando nossos corações se chocam, nós sentimos o amor. Faíscas voam e elas inflamam nossos ossos.
E quando elas atacam, nós iluminamos o mundo". Por conta do público jovem, Kygo não foi topzera. Tá mais pra topzinho.
Fonte: Portal G1 | Foto: Fabio Tito