Quando chegou a hora de Zé Renato anunciar a participação de João Cavalcanti na estreia carioca do show Bebedouro, em apresentação feita em 3 de abril, o artista capixaba saudou o parceiro carioca como um dos novos talentos da música brasileira como cantor e compositor.
Garimpo – álbum assinado por Cavalcanti com Marcelo Caldi – dá razão a zé Renato ao enfatizar o cancioneiro autoral do filho de Lenine, funcionando quase como um songbook da obra de Cavalcanti, compositor (com diversos parceiros) de 13 das 14 músicas do álbum lançado neste mês de maio de 2018 pelo selo MP,B Discos com distribuição da gravadora Som Livre.
Somente quatro músicas são inéditas em disco. As demais já foram gravadas em álbuns de intérpretes de estilos variados. Reunidas na voz do autor em Garimpo, álbum que traz o registro parcial (feito em estúdio) do show apresentado por Cavalcanti com Caldi desde 2015, as músicas expõem um compositor (geralmente letrista) em contínua evolução enquanto o cantor se insinua cada vez mais sagaz.
Sem reproduzir o DNA musical do pai, embora evoque o universo matricial do pernambucano Lenine nos versos da Valsa do baque virado (Mario Adnet e João Cavalcanti, 2016), Cavalcanti – visto com Caldi em foto de Flora Pimentel – se revela poeta sensível na construção de letras que expõem anseios e filosofias sobre a vida, o amor e a arte.
A sensibilidade brota no tempo da melodiosa canção Na varanda (Tiê, Plínio Profeta e João Cavalcanti, 2011) – originalmente intitulada Na varanda de Liz na gravação feita pela cantora Tiê e lançada há sete anos – e na celebração da alma pacífica de Dominguinhos (1941 – 2013), cantor, compositor e sanfoneiro pernambucano tributado na estilizada pisada do baião Domingos (2014), de bela melodia construída por Zé Renato.
Nesta faixa, o multi-instrumentista Marcelo Caldi toca acordeom, um dos instrumentos pilotados pelo músico neste disco de duo.
Fonte: Portal G1 | Foto: Divulgação