Itajaí celebra 158 anos de história com desenvolvimento social e econômico
15/06/2018 10:17 em Santa Catarina

Cidade que se tornou segundo PIB estadual cresceu junto às águas e busca se diversificar, mas mantém a âncora no Itajaí-Açu

Dez mil fatias de bolo distribuídas à população e um casamento coletivo com o recorde local de 119 casais são parte das comemorações dos 158 anos de Itajaí, completados hoje. A programação é farta e a data remete a uma união que, acredita-se, ninguém mais separa: a cidade e o rio.

A história do município é contada a partir do Itajaí-Açu, onde navega também o futuro.

– É o elo da cidade com o mundo – resume o professor Francisco Alfredo Braum Neto, coordenador do curso de História da Univali.

Ele lembra que, no começo, o rio foi o ponto de entrada para imigrantes, principalmente alemães, instalarem-se na região. Não foram os únicos. Itajaí teve uma formação cultural e étnica bem diversificada.

No século 18 vieram os açorianos, que fundaram Porto Belo e da cidade próxima muitos deles partiram para Itajaí que ganhou, também, traços marcantes da cultura dos Açores: como o sotaque "chiado" e o jeito acelerado de falar.

Se nos séculos anteriores, o rio possibilitou a vinda de tantos povos diferentes, hoje ele conecta a cidade com o mundo. Itajaí mantém relações com o Japão – tem Sodegaura como cidade-irmã – e com a Nova Zelândia, ao sediar uma das etapas nas últimas três edições da Volvo Ocean Race, a mais importante competição náutica do mundo.

– São elementos que marcam uma vocação do passado que é presente. É uma condição importante e será a perspectiva econômica – reforça o historiador.

ECONOMIA DA CIDADE FORTALECIDA PELO RIO

Entre os anos 1950 e 1960, no chamado Ciclo da Madeira, carregamentos de toras de árvores extraídas em Santa Catarina eram levados para outras regiões. O presidente da Associação Empresarial de Itajaí (Acii), Mario Cesar dos Santos, lembra que Itajaí chegou a ser o maior exportador de madeira da América Latina.

– Na época, essa indústria extrativista era muito forte – conta.

Agora, anos mais tarde, novamente a exportação de madeira – reflorestada e na forma de móveis, aglomerados e outros – volta a apresentar crescimento entre os itens exportados, segundo Heder Cassiano Moritz, assessor da superintendência do complexo portuário.

O presidente da Acii lembra que a partir da exportação da madeira, o porto junto ao Itajaí-Açu ganhou outros contornos e estrutura. Com o tempo, tornou-se o maior porto pesqueiro do Brasil, superando o de Santos.

Empresas de logística, de despacho aduaneiro e de vários outros setores se agregaram ao porto, que recebe, por exemplo, toda a importação de uma marca de bebida energética para distribuição na América Latina.

Mário Cesar menciona que a economia diversificou e impulsionou setores como a construção civil e, mais recentemente, o turismo.

Atualmente, mesmo tendo quase metade da população de Joinville, Itajaí tem resultados econômicos semelhantes aos da maior cidade do Estado (veja na tabela).

– Existe uma mobilização de setores público e privado que ajuda a fortalecer isso – indica.

O tamanho exato e a importância de cada setor – indústria, comércio e serviços – estão sendo apurados. A Acii e a prefeitura começaram um estudo para dimensionar cada área.

O prefeito Volnei Marostani (MDB) sabe que será preciso investir para que Itajaí continue crescendo, com qualidade. Ele espera um aporte de US$ 62,5 milhões em financiamento internacional para mudar o sistema viário, desapropriar áreas, erguer pontes e, ainda, retomar a via portuária.

A prefeitura aguarda diagnóstico que encomendou à UFSC sobre o transporte público, para iniciar uma licitação.

O município prepara, ainda, mudanças no Plano Diretor e aposta na tecnologia, com a construção de um centro de inovação. Um sinal dos bons ventos é que, graças ao turismo e à organização da Volvo Ocean Race, o número de leitos em hotéis triplicou em três edições do evento ou em 10 anos. É parte do casamento da cidade e do rio.

A história da cidade na memória

A professora Marlene Rothbarth, 85 anos, que lecionou em Itajaí durante 31 anos, conhece como poucos a relação do local com o Itajaí-Açu. Tanto, que escreveu oito livros a respeito. Pedagoga, ela ensina que a cidade se emancipou de Porto Belo, em 1940, mas que ninguém sabe ao certo quem a fundou no começo.

O certo é que por causa do rio, Itajaí foi recebendo imigrantes, comerciantes. Famílias vieram cultivar a terra e também aventureiros chegaram. Marlene conta que no começo havia barcos a vapor que distribuíam mantimentos à região. A pesca cresceu depois.

O prático Alexandre Gonçalves da Rocha viveu bem de perto o passado e presente do rio. Fez concurso em Itajaí, foi aprovado e não a deixou.

– Minha vida se divide em antes e depois do rio – resume.

Ele conta ter vivido muitas experiências junto ao Itajaí-Açu, nem todas alegres. Acompanhou a história de um navio que tentava vencer a agitação da água e encalhou por quatro dias no porto. Em 2008, em uma das grandes enchentes, o rio despejou no canal uma quantidade de lama equivalente ao que normalmente seria retirada em um ano e meio.

Gonçalves acredita que, para o futuro, é preciso sonhar com outras fontes econômicas.

– Senão, ficamos limitados pelos humores do rio – conclui.

ITAJAÍ EM NÚMEROS

- É terceira em arrecadação no ranking de SC: de janeiro a junho foram R$ 506,2 milhões em ICMS.

- É segunda em Produto Interno Bruto (PIB) de SC, com  R$ 18,855 bilhões, atrás  apenas de Joinville.

- Ocupa segunda posição no Índice de Participação dos Municípios (IPM) em 2018, atrás somente de Joinville. O IPM municipal é 7,24% do total de SC. Para 2019, o índice provisório, de 7,55%, a mantém nesta posição. As projeções são de que a cidade receba R$ 15 milhões a mais do que em 2018.

- Está na 43ª posição do PIB brasileiro.

- O Índice de Desenvolvimento (IDH) é 0,795 entre 5.565 municípios, situado na faixa de "muito alto", principalmente pelos critérios de longevidade, renda e educação (dado mais recente disponível, de 2010).

Fonte: Secretaria de Estado da Fazenda e Atlas do Desenvolvimento Humano

Com bolo e shows


- Sexta-feira, às 9h: reinauguração da Igreja Imaculada Conceição, seguida de missa com o arcebispo metropolitano dom Wilson Jönck e Coral Santíssimo Sacramento
- Sexta-feira, às 14h: corte do bolo e show com Mari Monteiro e Banda Universus, na Praça Genésio Miranda Lins, na Beira-Rio
- Sábado, às 14h30min: casamento coletivo, no Centreventos
- Sábado, às 18h: corte do bolo e show com Ninguém Sabe, no Parque Ecológico Alessandro Weiss
- Sábado, às 14h: Concurso Mais Belo Idoso e Mais Bela Idosa de Itajaí, na Sociedade Cultural e Assistencial Tiradentes

 

Fonte: JSC | Foto: Luiz Carlos de Souza

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