Morto aos 71 anos, Adalto Magalha fez pão e poesia com samba carioca
08/08/2016 10:32 em Música

 

“E o povo como está? Está com a corda no pescoço”, sentenciou Beth Carvalho há 30 anos, no refrão do pagode Corda no pescoço. Lançada no álbum Beth (1986), a letra continua atual e exemplifica a fina sintonia da parceria de Almir Guineto com Adalto Magalhães Gavião (9 de janeiro de 1945 – 6 de agosto de 2016), o Adalto Magalha, morto aos 71 anos na madrugada de ontem, em sua casa no Rio, vítima de infarto. Como informado no facebook do artista, o enterro do corpo do sambista aconteceu hoje, no Cemitério da Pechincha, na Zona Oeste do Rio.

 

 

 

Carioca criado no bairro do Engenho de Dentro, Adalto Magalha cresceu ouvindo os cantores da era do rádio e começou a compor aos 16 anos. Mas encontrou a própria turma e os parceiros nos anos 1980, década da explosão da geração pagodeira de Almir Guineto, Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho. Magalha sai de cena, mas deixa obra autoral que totaliza mais de 400 sambas gravados pelos maiores nomes do samba carioca.

 

 

 

Iniciada em 1984, quando Magalha letrou os sambas Cenário e Rendição, a parceria com Almir Guineto foi longa e produtiva. Mas Magalha também compôs com nomes como Wilson Moreira – parceiro em Banho de felicidade, pagode lançado em 1987 pela cantora Jovelina Pérola Negra (1944 - 1998) – e Pedrinho da Flor, com quem fez Eu menti, sucesso do grupo Razão Brasileira em 1993.

 

 

 

Magalha foi projetado entre os sambistas da geração 80 do Fundo de Quintal. Mas também soube se afinar com os pagodeiros revelados a partir da década de 1990. Com Délcio Luiz, Magalha compôs Luz do desejo, pagode que deu título ao álbum lançado em 1996 pelo grupo Exaltasamba, e Hoje vou pagodear (2000).

 

 

 

Embora tenha exercido sobretudo a função de letrista, Magalha também compunha melodias e foi cantor. Deixa três álbuns gravados. O último, Não vivo sem o samba, saiu em 2014 e expressou já no título a devoção do artista ao ritmo que lhe deu pão e poesia.

 

 

Fonte: Portal G1 - Foto: Divulgação

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