A presença de Anitta na cerimônia de abertura dos jogos olímpicos Rio 2016 merece uma medalha de prata como a sandália que batiza informalmente o samba de Ary Barroso (1903 – 1964) oficialmente intitulado Isto aqui o que é?, lançado em 1942 e revivido ontem à noite pela funkeira cada vez mais pop em número feito no Maracanã com Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Tropicalistas pela própria natureza, Caetano e Gil sempre lutaram para derrubar os muros que separam a música brasileira em nichos. Por isso, soou natural ver e ouvir os dois ícones da MPB ao lado de Anitta, que teve boa presença numa cerimônia aplaudida no mundo inteiro. Se essa presença divide opiniões entre alguns brasileiros, é mais por uma questão cultural que envolve preconceito social.
Anitta, afinal, é uma voz vinda do universo do funk cantado e dançado nos bailes da periferia. Não deve ser superestimada como uma grande cantora, mas tampouco subestimada. Anitta tem apelo pop e está sabendo conduzir uma carreira que pareceu de início passageira. Com o terceiro álbum, Bang (2015), ela mostrou potencial para permanecer em cena por vários anos.
Quanto à voz, a excelente regravação de A menina dança (Moraes Moreira e Luiz Galvão, 1972) – feita por Anitta no ano passado para comercial de marca de acessórios femininos – atestou que a moça é afinada, sabe cair no suingue e se sai bem fora do universo do funk. Aceita que dói menos: Anitta tem talento e veio para ficar.
Fonte: Portal G1 - Foto: Reprodução da TV Globo