Até esta terça-feira, dia 25 de setembro, nenhum oficial de Justiça conseguiu encontrá-lo. As multas já ultrapassam o limite permitido: somam 28 pontos só este ano. Uma por dirigir falando ao celular e outras cinco por estar acima da velocidade.
Em uma das vezes, o carro de Pizzolatti foi flagrado em Timbó, no Vale do Itajaí, quando ele já estava com a carteira suspensa.
A especialista em direito de trânsito Márcia Pontes disse que se a pontuação não foi transferida, não importa se outra pessoa dirigia o carro na hora da infração: "O proprietário tem um prazo de 15 dias. Se ele não apresentar o real infrator, ele, por força do artigo 257 do Código de Trânsito, será, perante a lei, considerado aquele que cometeu a infração".
O veículo que tomou as multas nem poderia estar circulando. É o que revela o cadastro do Detran: há uma ordem judicial que impede a circulação.
Desde o ano passado, um juiz proibiu. Mas, depois dessa determinação, o carro de Pizzolatti ainda tomou 13 multas, seis delas depois do acidente, em que ele admitiu ter bebido antes de dirigir.
Em dezembro do ano passado, o carro dirigido por Pizzolatti invadiu a pista contrária na SC-421 e atingiu dois carros. Em março deste ano, a Justiça acatou a denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por tentativa de homicídio e embriaguez ao volante. Em junho, suspendeu, até o julgamento, o direito dele dirigir.
No processo, a defesa alega uso de medicação e nega que Pizzolatti tenha bebido no dia do acidente. Mas o caso só começou a andar na Justiça em julho deste ano.
Durante mais de três meses, oficiais tentaram notificar o ex-deputado e chegaram a ir quatro vezes onde ele trabalha. Em uma das tentativas, mesmo com data e hora marcada, ele não apareceu. Para o oficial de justiça, "ficou a clara a tentativa do acusado de se ocultar".
A NSC TV também foi ao prédio da Secretaria de Estado da Fazenda em Blumenau para tentar encontrar Pizzolatti. A reportagem conversou com o chefe dele, Eugênio Niesciur, que é gerente regional da secretaria.
"O João Pizzolatti é funcionário da secretaria, está trabalhando. Só que ele não exerce atividades aqui dentro da repartição, o trabalho dele é externo", afirmou o gerente.
Como auditor fiscal do estado, Pizzolatti recebe, em média, R$ 30 mil, como mostra o Portal da Transparência.
À época do acidente, a Secretaria de Estado da Fazenda anunciou a abertura de um processo interno para apurar a conduta do servidor. Em nota, a pasta respondeu que a sindicância está em andamento, mas se negou a dar detalhes, alegando sigilo.
O chefe de Pizzolatti deu outra resposta: "Não tem nenhum processo administrativo contra ele, que eu tenha conhecimento, e naquele horário do ocorrido do acidente ele até falou informalmente para mim que seria horário de almoço dele".
Paulo Marcelo, de 24 anos, sofreu queimaduras em 30% do corpo, passou cinco meses internado e ainda não se recuperou, segundo o advogado dele, Jony Nossol.
"Não pode se locomover sequer sem muletas. Está bem comprometido. Ele não está recuperado. Ele está sentindo que a perna dele talvez... talvez ele perca a perna", afirmou o advogado.
Ele entrou com ação civil para indenização e reparação de danos em fevereiro. Mas o caso está parado.
Fonte: Portal G1 | Foto: Reprodução